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O Café Terezinha é um ícone da Praia da Vitória instalado na rua principal da cidade, a Rua de Jesus, e local de paragem obrigatória determinada pelas memórias dos habitantes locais que lhe garantem uma antiguidade pressentida que todos aceitam sem necessitar de confirmação.

Certo é que abriu ao público em 1942, em plena IIª Guerra Mundial, no período em que também as tropas inglesas chegavam à ilha e se começava a instalar a base aérea nas Lajes. Tal como muitos outros comerciantes da Praia que aproveitaram o acentuado aumento do movimento, António Borges de Quadros (o António Terezinha) instalou o café nas lojas do prédio que já possuía e, certamente, chamaram-lhe Café do Terezinha, alcunha pela qual a família era conhecida, mas daí a passar a chamar-se Café Terezinha foi um passo, e é assim que, agora, por todos é conhecido.

O café foi um dos espaços mais emblemáticos do convívio e tertúlia das elites locais, bem situado numa esquina da Rua de Jesus com visão ampla para a Rua Dr. Alexandre Ramos, que a atravessa, e para outras ruas do centro histórico praiense e os seus transeuntes. Inicialmente estava dividido em dois espaços através de um tabique em madeira: um compartimento mais perto da porta para os clientes de ocasião ou que apenas procuravam tomar uma bebida no sossego do café, espaço este equipado com mesas e estantes cheias de queijos, confeitos, rebuçados e bolos para venda; e um outro quarto interior, com o balcão e mais mesas onde se reuniam os frequentadores mais assíduos e íntimos da casa.

Então, muitos se reuniam no café para ouvir rádio uma vez que O Terezinha tinha um dos poucos recetores da vila, mas os momentos de conversa onde a apreciação, o comentário e a crítica a tudo e todos era frequente e certeira. Foi, até, por isso que um jornal local, o Jornal da Praia (1981-1992) aproveitou o nome do café, a sua localização e a condição observadora e opinativa de quem por lá parava para batizar uma secção de crítica e comentário nas suas páginas chamada O Canto do Terezinha.

Homem de muitos negócios, António Borges de Quadros também era fotógrafo não só dos retratos de cada um, tirados em estúdio improvisado na sua própria casa, mas de instantâneos do que ia acontecendo pela Praia e pelo café onde os grupos de militares ingleses e, depois, americanos estacionavam e confraternizavam. A fotografia era exercida em parceria com a mulher, que executava a revelação das imagens, mas era acompanhada e fiscalizada periodicamente pelas autoridades da Base que, antes da operação concluída, selecionavam e eliminavam as imagens que pudessem comprometer a segurança do destacamento militar.

Apesar do movimento do estabelecimento, António Quadros vendeu o café em 1952 a Cipriano Moniz da Rocha na família do qual se manterá por cerca de 50 anos. Nesse período de tempo foram feitas obras de remodelação no interior e é então que se abre todo o espaço, deixando a descoberto a arcada que, a meio, suporta o edifício, e quando também foi aberta uma montra ao lado da porta virada à Rua de Jesus, e uma outra porta virada para a Rua Dr. Alexandre Ramos.

No ano 2000 o Café Terezinha volta a ser comprado pela família Quadros e hoje o seu proprietário e gerente é Roberto Quadros Costa, bisneto do fundador. A nova geração procura respeitar a integridade e a memória do edifício, razão pela qual tem vindo a repor a sua natureza arquitetónica embora equipado com novo mobiliário, conferindo-lhe o mesmo espírito e o mesmo conceito de café aberto de outrora – local de conversas, tertúlias e discussões acesas sobre o quotidiano da Praia, da Região, do país e do mundo. Uma visita ao agora denominado Terezinha Café não dispensa o apreciar de uma bebida na esplanada que se monta na rua, ou uma refeição que o café passou a disponibilizar a qualquer hora do dia.



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