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A Rua de Jesus foi, desde sempre, a rua principal da Praia, local de residência das famílias de maior prestígio social e ligadas à governação da vila. Na sua maioria, eram casas amplas e desafogadas, construções de boa cantaria aparelhada, quase todas sobradadas e com varandas de sacada em madeira com ralos e ripas no primeiro andar.

A rua iniciava-se no Largo de Jesus onde, então, estava o portão do convento do mesmo nome e onde ficava, também, um dos portões da vila. A rua descia desde aí até à praça central sempre acompanhada, no lado direito, pelo enorme volume do edifício conventual e da sua cerca. Depois do terramoto de 1614, cortando a cerca, abriram-se as ruas que lhe ficam perpendiculares e descem até ao Passo do Milhafre.

Naturalmente, foi nesta rua que se foi instalando o comércio de maior importância, os estabelecimentos mais procurados e com maior diversidade de oferta. O desenvolvimento comercial foi-se alterando gradualmente em consequência dos acontecimentos que iam agitando a pequena vila, mas foi a instalação da Base Aérea nas imediações da Praia da Vitória, em 1941, e a sua ocupação pelas forças norte americanas, que veio alterar de forma mais rápida do que o habitual, a vida e o comércio na vila e, em particular, na Rua de Jesus.

O movimento de transeuntes e compradores aumentou rapidamente; primeiro engrossado apenas pelos militares, mas depois, também, pelas suas famílias e por outros civis que vinham exercer diversas ocupações na Base, e gente das outras ilhas em busca de trabalho. Houve que adaptar a oferta aos gostos da nova clientela, razão pela qual se abriram restaurantes, cafés e bares, cabeleireiros, lojas de pronto-a-vestir e de artesanato.

Foi nesse contexto que José de Freitas, um madeirense radicado na Praia da Vitória por volta dos anos de 1950, decide abrir uma loja de souvenirs e artesanato onde não faltavam, além dos artigos representantes dos Açores, os bordados da Madeira de cujos fabricantes era representante, os tapetes de Arraiolos ou a louça das Caldas. E até o inusitado nome da loja - Casa Astória – parece demonstrar a relação com o universo dos Estados Unidos já que Astória é a designação de várias localidades americanas (no estado do Dacota do Sul, no estado do Illinois e do Oregon, além de ser um bairro do distrito de Queens, em Nova Iorque).

O negócio prosperou dando azo a que o empresário adquirisse o pequeno imóvel ao seu antigo proprietário, Francisco Cardoso Borges, e construísse, em 1967, um prédio cujo projeto, provavelmente do Engenheiro Técnico Ulisses Tomaz de Simas, é completamente dissonante da arquitetura seiscentista envolvente, mas que se afirmava, de forma inovadora, pela fachada dominada pelas linhas geométricas e pela grande montra em vidro curvo.

No design interior predominava o desafogo das instalações a permitir a livre circulação de clientes, os balcões/vitrinas em metal cromado espalhados pelo espaço, a diversidade da mercadoria selecionada e dirigida a um segmento endinheirado e internacional da clientela.

Apesar do sucesso comercial, José de Freitas opta por regressar à Madeira em 1974 ocasião em que vende a Casa Astória a Antero Borges da Costa, um funcionário da Base Aérea que, por essa razão, conhecia bem quer o ramo de negócio, quer os clientes norte americanos e emigrantes que eram, nas décadas de 1970 a 1990, a principal clientela da loja.

A gestão da segunda geração da família Costa, atualmente em funções, centrou-se, portanto, nos artigos de decoração e de oferta que interessam ao cliente local, agora revalorizado face à diminuição dos efetivos militares na Base e à consequente diminuição da procura. A partir de 2004, tem apostado na remodelação da loja e na abertura de um novo espaço na mesma rua para a venda de têxteis do lar (tapetes, cortinados e estores).
A Casa Astória, com os seus cerca de 60 anos de existência, continua um marco importante no sector da decoração terceirense sedeada na Praia da Vitória.



http://www.casaastoria.com/home.html
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