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Ainda hoje é conhecida como a casa do Conde de Vila Flor e é, sem dúvida, um dos edifícios mais bonitos do centro da cidade – bem posicionado no extremo de um dos quarteirões da Rua Direita, no canto com vista para a Praça Velha e o edifício da Câmara Municipal.
Construida em meados do século XVIII, pertenceu, sucessivamente, a vários ricos comerciantes da praça de Angra como António das Neves Prudência, Joaquim Ramo de Araújo e Aniceto António dos Santos, enriquecidos com os contratos dos dízimos e do tabaco. Este último era, também, um reconhecido liberal apoiante da causa de D. Pedro razão pela qual na casa se instalará, em 1829, António José Severim de Noronha, o conde de Vila Flor, que mais tarde ficará conhecido por Duque da Terceira, enviado para a ilha com a missão de instalar a Regência em nome de D. Maria. Na cidade, desde então, a casa passou a ser conhecida pelo seu nome, sendo célebre um baile que ali se realizou por ocasião da chegada de D. Pedro.
De casa de habitação familiar o local passou a ser um dos espaços simbólico da Regência. Trata-se de uma grande construção de planta retangular com a fachada de dois pisos rasgada por nove amplas janelas de sacada, no primeiro piso, a que correspondem outras tantas aberturas- oito portas e uma janela - no piso térreo; todas emolduradas por frisos largos e encurvados, e onde o portal principal surge ao centro, mais alto e encimado por um florão central.
Falido Aniceto dos Santos, a casa foi vendida a Jacinto Cândido da Silva de forma que no final do século XIX pertenceu ao seu filho, João Carlos da Silva, agente da Empresa Portuguesa de Navegação a Vapor, consul da Alemanha e Vice-Consul do Brasil que instalou o seu escritório nas lojas do lado direito do rés do chão. Desde então, as lojas dos dois lados do edifício serão ocupadas por estabelecimentos que por muitos anos farão parte da vida dos angrenses, e ainda hoje incontornáveis nas suas memórias.
No antigo escritório de João Carlos da Silva, depois do seu falecimento, foi instalada a Loja dos Linhos, de José Domingos da Silveira, icónica loja de tecidos com um espaço amplo, corrido a soalho de tábuas largas de madeira, teto de sobrado com tirantes à vista e paredes forradas a prateleiras cheias de rolos de tecido; e ao fundo havia uma mesa muito grande, boa para desbobrar peças e cortar panos. À volta enchameavam clientes e empregados porque na loja, bem servida por três portas a dar para a rua principal, estavam sempre a entrar e sair pessoas. Hoje, a Loja dos Linhos deu lugar ao Café Verde-Maçã que, apesar da mudança de ramo, soube manter os elementos estruturais da loja e ainda se prolongou numa pequena esplanada frente às portas da rua onde se pode almoçar ou tomar uma bebida apreciando o movimento da rua com a sua excepcional largura de 10 metros (para a época em que foi construida) e da Praça Velha.
A loja do lado esquerdo tem uma ocupação centenária enquanto farmácia que desde 1870 até agora já passou por vários proprietários. Entre 1870 e 1899 designou-se Fármácia Monteiro, propriedade de Joana Monteiro da Luz e direção do farmacêutico Luís Pereira da Cunha. Mudando-se a farmácia para a Rua da Sé, decidiu Luís da Cunha estabelecer-se por conta própria e permanecer na Rua Direita de modo que, em associação com Pedro de Lemos, mantiveram-na até 1909 como Farmácia Cunha e Lemos. Depois disso, e até meados da década de 1920 foi, apenas, de Pedro de Lemos quando assume o nome de Farmácia Lisboa porque, então, assim se chamava a Rua Direita. O nome manteve-se mesmo depois do farmacêutico Francisco Maria Brum Pacheco ter assumido a sua direção e propriedade, legado que hoje se mantem com a filha, a também farmacêutica Maria da Conceição Pacheco.
Embora o sismo de 1980 lhe tenha retirado o pequeno escritório que havia no lado esquerdo da entrada, o interior mantem os armários e estantes em madeira, e um elegante balcão central em ferro forjado e no exterior podem ver-se, ainda, as molduras dos vidros das montras e o seu artístico recorte original.
Tudo razões que explicam a classificação do prédio como Imóvel de Interesse Público Regional.



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