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A casa que agora ocupa os números 72 e 74 da Rua de S. João foi, num passado recente, a moradia de habitação do Dr. Henrique de Oliveira Bráz que, além de advogado, notário e jornalista, teve papel relevante na política local não só como primeiro governador civil nomeado após a implantação da República Portuguesa, cargo que exerceu entre 1910 e 1912, mas ainda como Presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo e da Junta Geral do distrito.

Grandemente interessado na história e cultura açorianas, Henrique Bráz foi um dos sócios fundadores do Instituto Histórico da Ilha Terceira, publicando, no seu boletim, muitos artigos de interesse local e, particularmente, sobre a história de Angra do Heroísmo, onde se destaca a obra Ruas da Cidade, publicada em 1947.

Inicialmente, a casa tinha, apenas, dois pisos, mas na década de 1950 foi-lhe acrescentado um andar para maior desafogo da habitação, e nesse novo piso as janelas de sacada do andar inferior dão lugar a igual número de janelas decoradas com os característicos aventais dos edifícios angrenses do século XVIII. Com altura e largura correspondentes à importância social dos proprietários, a casa prima pela sobriedade decorativa exterior.
O saguão de entrada dava acesso a uma sala com duas janelas para a rua, pequeno escritório onde o proprietário recebia e trabalhava, mas que no final dos anos de 1990 foi transformado em espaço comercial rasgando-se-lhe as janelas para dar lugar a uma montra e uma porta de acesso direto à rua.

Do tempo do escritório ficaram-lhe os painéis de azulejos em azul e branco que decoram, a meia altura, as paredes do espaço, painéis esses que apresentam uma iconografia galante e campestre, e estão emoldurados e rematados superiormente com conchas e volutas recortadas. O trabalho é de meados do século XX, como os que a elite local de meados do século gostou de ostentar e é nesse espaço que está instalada, desde 2020, a Boutique Coquette, propriedade de Alda Vaz.

A Boutique Coquette teve início na Rua de Santo Espírito, em 2005, passando depois para a Praça Velha, entre 2010 e 2019, mas a opção pela Rua de São João é demonstrativa da feição marcadamente comercial que a rua vem desempenhando no âmbito da cidade, favorecida pela planura do piso, pelo desafogo dos passeios e pela facilidade de acessos e estacionamento.

Com estas vantagens, a Coquette aposta na confeção de qualidade para o público feminino com especial destaque para o traje de cerimónia e, principalmente, de produção nacional. Contribuindo para a diversificação da oferta no que à confeção de pronto a vestir diz respeito, a boutique vai satisfazendo a clientela que apreciou a mudança para um espaço com memória conhecida, localizado no boulevard que as ruas Direita e de S. João parecem formar, mesmo no centro do núcleo antigo da cidade Património Mundial.

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